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Uma agenda para Davos

Jornal Económico

22/1/2018

José Luís Arnaut, Managing Partner da CMS Rui Pena & Arnaut 19 Jan 2018

No mundo livre, o bom jornalismo é um direito e é absolutamente essencial que seja também uma garantia e é uma reflexão que deve ser feita por todos os líderes.

Se quisermos definir um dos objetivos do Fórum de Davos de 2018 de forma simples (e simplista) poderíamos dizer que se trata de restaurar a fé na globalização. O tema escolhido este ano – “criar um futuro comum num mundo fragmentado” – encerra em si uma miríade de desafios e reflexões que urge fazer e ao mais alto nível, entre políticos, reguladores e os maiores líderes empresariais do mundo. Os decisores.

2017 foi um ano de crescimento global mas também de alguns retrocessos fundamentais e, por essa razão, os desafios globais que hoje se colocam são enormes. A incerteza é a palavra certa para caracterizar 2018, seja quando pensamos na Coreia do Norte, a presidência norte-americana ou o mundo depois do Brexit e a Europa a braços com a crise dos refugiados.

Portugal participa de uma posição que, nesta 48ª edição, é privilegiada: leva, além do primeiro-ministro, o Presidente do Eurogrupo, uma oportunidade que deve ser aproveitada para desenvolver os melhores esforços de elevação do nosso país, suportados pela presença de empresários portugueses, que há muito tiveram a visão de aumentar a sua escala além das fronteiras domésticas e que dão cartas em temas como a inovação e capacidade de liderança.

Num segundo nível de análise, a crise financeira de 2008, que chegou mais tarde à Europa, fez regressar um elo inquebrável entre os Parlamentos e os mercados financeiros, e o risco político é hoje a primeira variável a ser ponderada quando se trata de investir. Em 2018, ano de crescimento mundial e com Portugal a cavalgar a mesma onda, são muitos os pontos de interrogação que poderão trazer sobressaltos e fantasmas dos anos negros do início da década.

Acresce o desafio ambiental. É consensual que as alterações climáticas são o principal desafio global do século. O revés no Acordo de Paris mostrou bem a sensibilidade de um tema que carece de uma resposta global que ultrapasse os interesses individuais e que, em 2017, teve já custos económicos assinaláveis.

Este ano não ficará certamente de fora o tema que já na edição de 2017, onde tive o privilégio de estar, dominou a agenda: a inteligência artificial. Esta realidade cada vez menos nova conduzirá a uma progressiva e transversal automação do trabalho e que exige, uma vez mais dos líderes, uma preparação para que os benefícios do progresso tecnológico não sejam ultrapassados pelos efeitos negativos que poderá ter num agravamento da fragmentação do mundo.

Todos devemos dar o nosso contributo para a discussão. À semelhança dos anos anteriores, a CMS dará também o seu, com um evento paralelo, organizado em parceria com o semanário alemão Die Zeit, que reunirá alguns dos maiores empresários europeus e contará com a intervenção do Presidente executivo da Siemens, Joe Kaeser. Este ano, a reflexão será feita sobre o tema da Ética nos Negócios e sobre outra matéria que deve ser visitada e que tem vindo a contribuir para a degradação das democracias maduras: as chamadas fake news. No mundo livre, o bom jornalismo é um direito e é absolutamente essencial que seja também uma garantia e é uma reflexão que deve ser feita por todos os líderes, independentemente do seu espectro de ação.

Cobertura na Imprensa
Jornal económico_19012018_p39
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Fonte
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